sábado, 5 de dezembro de 2015

2 Co 3.12-18 O fascínio das máscaras espirituais




Introdução:

Um dos casos mais trágicos da história Evangélica contemporânea foi o do PTL, o movimento da "Igreja Eletrônica" nos EUA. Jimmy Swaggart, um pastor extremamente moralista, que com sua posição firme chegou a destruir outro conhecido tele evangelista Jim Baxter por imoralidade, foi surpreendido numa relação neurótica e pecaminosa com uma prostituta.
Não é muito difícil construir uma vida de dupla face, tipo “médico e o monstro”, e passar a viver nesta vida de mentiras e pecado, ou desenvolver uma camada de superficialidade revestida de espiritualidade, que visa impressionar as outras pessoas. Veja o que aconteceu a Moisés.

Este texto nos fala do desmascaramento do grande líder sendo Moisés. Talvez nenhum outro homem tenha influenciado tanto o judaísmo, sem dúvida um grande homem de Deus. Aqui ficamos sabendo de algo que o Antigo Testamento não menciona por razões óbvias: O próprio Moisés foi autor de boa parte do pentateuco, e não há registro sobre isto, mas a tradição oral perpetuou o que lhe aconteceu. Ao descer do monte, depois de passar 40 dias com o Senhor, Moisés estava envolvido por um brilho tão intenso, que o povo de Israel não podia olhar para seu rosto. Isto o obrigou a usar véu para conversar com as pessoas. Com o passar dos dias, o brilho foi lentamente acabando, mas Moisés preferiu continuar com o véu, mesmo depois que todo brilho da glória já havia acabado, para que os filhos de Israel continuassem pensando que o seu rosto ainda brilhava e o admirassem.

Por que agiu assim? Vários motivos podem ser enumerados, mas certamente o maior deles era o desejo de preservar a imagem de homem iluminado, de homem espiritual, de alguém com intimidade com Deus.  Ele não queria que os israelitas descobrissem que sua posição privilegiada diante de Deus estava desaparecendo e por isto fez o que milhões de pessoas já fizeram: Colocou um véu! Não deixou que ninguém percebesse que sua gloriosa aura de ser espiritual acabasse.

Esta é uma realidade que ocorre facilmente. É muito bom ser admirado: sucesso, popularidade, riqueza, posição. Mas no mundo espiritual, o mesmo problema se dá: desejo de ser visto como um homem de Deus. Profetisas, pastores, missionários, são atraídos por este desejo de reconhecimento de sua espiritualidade. Mas na vida cristã, podemos também criar véus das formas mais variadas, mas que na essência são a mesma coisa. Todos eles representam uma imagem ou fachada que queremos mostrar aos outros, e por trás da qual ocultamos a verdadeira imagem.

Ray Stedman, no seu livro “A dinâmica da vida autêntica”, aponta para alguns véus muito comuns na comunidade evangélica.

1.      Véu do orgulho - Foi o que Moisés usou e que os israelitas usaram. É o véu que não pode admitir o fracasso como cristão. Isto se torna mais comum quando somos  incapazes de manter uma vida profunda de comunhão com o Senhor e passamos a sustentar nosso ministério por representações e máscaras. Quando a vida entra nessa dimensão, não precisa de maquiagem, e sim de cirurgia.

As máscaras criam em nós uma hipocrisia nem sempre consciente:

·         Pregamos o que não praticamos,
·         Oramos por coisa que não cremos,
·         Cantamos coisas que não vivemos.

Existem muitos cânticos comunitários que parecem ter sido feito para o povo de Deus mentir: “Toda minha vida é do Senhor”; “tudo a ti Jesus entrego”, “todos os meus desejos e sonhos são do Senhor”. Será que desejamos, entregamos e somos realmente tudo isto? Talvez devêssemos começar afirmando que não somos nada disto, mas queremos ser assim, porque não há nada errado em desejar tais coisas. Se não formos capazes de quebrantamento e desmascaramento, estamos apenas representando. Trata-se de um gesto ritual e teatral, que não engana o Deus a quem queremos louvar. É preciso retirar o véu, mas infelizmente nem sempre temos consciência de quão contraditório é a mensagem que proclamamos, ou eventualmente tememos o encontro com aquele que pode retirar o véu. Vivemos um orgulho espiritual.

2.      Véu da Duplicidade -  Os véus da aparência, ainda que tão inocentes são criados para satisfação do nosso ego e por isto usamos formas inteligentes de preservá-lo, um destes é a duplicidade de nomenclaturas, ou seja, dar nomes bonitos a coisas feias que fazemos.

·         Orgulho, chamamos de valor pessoal;
·         Chamamos preconceito de “convicções fortes’.
·         O desamor torna-se “ortodoxia”;
·         Atitudes emocionais são interpretadas como espiritualidade;
·         Falta de educação e grosseria, torna-se “sinceridade”;
·         Presunção transmuda-se em “respeito próprio;
·         Vaidade torna-se cuidado pessoal.

Os cristãos tem muita tendência para colocar certos tipos de véu, principalmente aqueles que tem formas de virtudes cristãs. São Jerônimo advertia: "Cuidado com o orgulho da humildade". Ouvi falar de certo pastor que usava medalha de humildade. Quando se faz alarde da santidade, é forte indício de orgulho. A Bíblia afirma que “Deus odeia a duplicidade”.

3.      Justiça própria - A pessoa toma certo padrão bíblico de conduta, e orgulha-se da capacidade de observá-los exteriormente, embora não o faça no coração.

Este era o pecado dos fariseus que Jesus atacou dizendo que prostitutas e publicanos entrariam no reino dos céus antes deles. Outra forma sutil de justiça própria pode ser encontrada na pessoa que acusa o outro, fixando-se só num ponto de conduta, ignorando outras áreas de sua vida em que há "fraquezas". O fariseu é mestre nesta arte: “posso ter essa fraqueza, mas pelo menos não faço isto ou aquilo”. É o véu da justiça própria. O tradicionalismo e o legalismo se adaptam perfeitamente neste ponto.

4.      Véu da excessiva sensibilidade ou susceptibilidade -  Pessoas susceptíveis se magoam facilmente com palavras ou atos dos outros. É preciso tratá-las com extremo cuidado para que não se ofendam, passam por agonias de espírito e tendem a ficar mergulhados num mar de autopiedade, horas a fios, até mesmo dias.

Qual a explicação que encontram? A "desconsideração e rudeza", dos outros. Na verdade é a forma pessoal de protestarem por não receberem a atenção e importância que se julgam merecedoras. Particularmente encontro muita dificuldade em trabalhar com lideres hipersensíveis. Tenho aprendido que hipersensibilidade é sinal de egoísmo. Pessoas assim se magoam, se escandalizam e retraem facilmente do time.

5.      Espírito impaciente – A inquietação e ansiedade constante que pode encobrir graves problemas da alma, ou mesmo pecados escondidos.

Muitas vezes é apresentado como operosidade e frequentemente aparece sob a forma de zelo ou dedicação, mas na verdade, a pessoa que não consegue sossegar seu coração, aquietar-se diante de Deus, passa a viver períodos de grande ansiedade e angústia, tem dificuldade para orar e depender de Deus, e facilmente responde com rispidez, e esconde profundo sentimento de inferioridade ou insegurança.

6.      Autojustificação - Trata-se de pessoas que não toleram ser mal compreendidas e estão sempre se explicando, e na verdade estão afirmando o seguinte: "quero que pensem que sou perfeito". Esta atitude está muito relacionado ao perfeccionismo.

7. Mas, talvez, o mais comum seja o da frieza - do ressentimento, de guardar sentimentos totalmente para si, escondendo-os mesmo de amigos mais chegados. Esse distanciamento brota do medo da rejeição, do temor de que nos conheçam exatamente como somos. Às vezes colocamos o nome de "reserva" ou "reticência", mas no fundo trata-se daquela ideia íntima de que, para sermos aceitos ou amados, precisamos parecer perfeitos ou bem sucedidos. Por isto projetamos duas imagens:
            "De capacidade" (extrovertidos)
            "De esconder nossos fracassos" (introvertido)
Se reconhecermos nosso fracasso, nossa incapacidade, dependeremos de Deus e teremos dele a sua capacitação. O segredo disto é retirar o véu.

John Fisher, hinologista americano, escreveu com humor:

"Véu evangélico produções"
Temos todos os tipos, formas e tamanhos, escolha o seu,
qualidade especial: transparência de apenas um lado,
você pode ver a todos, mas ninguém o vê.
Novidade: Modelo Moisés !  Já vem equipado com embalagem de
plástico. Dá ao usuário aparência de quem viu o Senhor!
Basta uma aplicação diária e você enganará toda Igreja,
com garantia de duração de uma semana ou mais !
Grande estoque de "carinhas" de "fanáticos"de Jesus,
todas com sorriso permanente.



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Fonte: SERMÕES

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

AMIZADE VERDADEIRA, O QUE SIGNIFICA?








Muitas pessoas em nossos dias tem um conceito errado de “amizade verdadeira”, ou “amigo verdadeiro”, pois só atribuímos este adjetivo a alguém que nos ajuda e nos apoia, seja no que for, sendo bom ou mal, acreditamos que amigo verdadeiro é aquele que estará ao nosso lado em qualquer circunstância da vida.

Muitas vezes confundimos amigo com colega, ou seja, tratamos tal pessoa de amigo, quando na verdade, ele é apenas um colega e nada mais. Mas alguém poderia perguntar: “E qual a diferença, não é tudo a mesma coisa?”. Podemos ver que há diferença:

Amigo - que ama, que demonstra afeto, amizade,  

Colega - pessoa que, em relação à outra(s), pertence à mesma corporação, comunidade, profissão etc. companheiro de estudos.

Se observamos Estas duas palavras, veremos que é muito mais fácil ter-se colegas, pois a verdadeira amizade é um artigo quase que extinto. Nem todos que nos ajudam podem ser considerados amigos, pois até quem não conhecemos podem fazer ações de caridades.

Amigos verdadeiros não estarão apenas com as mãos abertas para ajudar, cooperar, mas em muitos casos nos corrigirá para o nosso bem, pois o amor corrige.

Não são amigos aqueles que nos ver em erros e nos dá apoio, estes são piores que inimigos, até por que os inimigos nós conhecemos de longe.

Se lermos a Palavra de Deus, veremos o Senhor Jesus declarando ser o nosso amigo verdadeiro, pois:

1.    O verdadeiro amigo dá a sua vida em prol do outro: "Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos."  (João 15 : 13).

2.    A verdadeira amizade consiste em ouvirmos os conselhos positivos de nosso amigo, pois os mesmos fortaleceram a nossa alma: "Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando."  (João 15 : 14).

3.    A verdadeira amizade está baseada na confiança: "Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer."  (João 15 : 15)

Obs.: O colega é diferente de tudo isto que foi afirmado acima, pois ele não é amigo, apenas colega.

Nunca devemos confundir, pois embora a repreensão de um amigo nos pareça dolorosa, ela tem como objetivo, o nosso bem estar. Por isso tenhamos o cuidado de denominar pessoas de amigos, quando ela são apenas colegas. E lembremos que amizade verdade só existe em Cristo, pois nós, seres humanos somos falhos. As vezes cobramos muito de alguém que achamos ou que temos certeza que é o nosso amigo, e quando ele falha nos decepcionamos (São homens e mulheres falhas, debaixo do pecado).



Pensemos Nisto!

Pr. Davi Gomes do Nascimento




segunda-feira, 30 de novembro de 2015

COMUNHÃO, PALAVRA DOCE!


Podemos ver algumas pessoas usando erroneamente a palavra comunhão para se referir ao "ajuntamento de Pessoas", porém o real significado de Comunhão é ter algo em comum. Vejamos no Livro de Atos, esta palavra sendo aplicada a igreja:

"E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em comum. E vendiam suas propriedades e bens, e repartiam com todos, segundo cada um havia de mister. (Atos 2.44,45).

O dicionário diz que comunhão é: "Ato de realizar ou desenvolver alguma coisa em conjunto. Harmonia no modo de sentir, pensar, agir; identificação: comunhão de pensamentos. Em que há união ou ligação; compartilhamento".

Nunca devemos confundir ajuntamento com comunhão, pois são diferentes. Nem todo ajuntamento de pessoas haverá a verdadeira comunhão.

Muitas pessoas usam também o Salmo 133 para justifica o aglomerado de pessoas como "plena comunhão", mas o Salmista Davi faz referência à união fraterna (Aquela de Atos 2.44). O verso 1 expressa o desejo do salmista para com o seu povo.

Ele faz referência a um ‘viver em união’, diferente de estar unidos ou reunidos. Ele qualifica esta ‘vida’ em união de boa e suave.

A união fraternal é comparável ao óleo ‘sagrado da unção’ que era utilizado na unção dos sacerdotes e dos utensílios da tenda da congregação ( Ex 30:31). O óleo era composto das principais especiarias da época ( Ex 30:23), feito por um artista perfumista ( Ex 30:25 ).
Enquanto o óleo da unção era proibido ao povo ( Ex 30:33 ), a união fraternal não é vetada. Embora a união tenha o mesmo valor que o óleo da unção, dela todos deviam e podiam utilizarem sem restrição alguma.
Pensemos nisto, e que possamos avaliar se realmente estamos experimentando de verdadeira comunhão, ou apenas de ajuntamento ou reunião de pessoas.


Pr. Davi Gomes do Nascimento